Alopecia – perda de cabelo

A perda de cabelo (Alopecia) é um problema comum e frequentemente fonte de angústia para os pacientes.  Homens e mulheres saudáveis geralmente têm 80.000 a 120.000 pelos terminais (= espessos) no couro cabeludo. O cabelo é composto de queratina e é produzido nos folículos pilosos. Todos os folículos capilares passam por ciclos repetidos de crescimento e descanso. Durante a fase de crescimento (anágena), que é de 2 a 6 anos, o cabelo cresce a uma taxa de cerca de 0,3 mm por dia ou 1,0 cm por mês. O comprimento máximo atingível depende da duração da fase anágena de cada indivíduo. Uma breve fase de transição (catágena) ocorre após a fase de crescimento e, em seguida, uma fase de repouso (telógena) com duração de 2 a 4 meses, após a qual o cabelo cai (solta do folículo).

Normalmente, os 100.000 fios de cabelo da cabeça de uma pessoa crescem independentemente uns dos outros. Fatores intrínsecos ou extrínsecos podem sincronizar os folículos capilares provocando uma transição prematura da fase anágena para a telógena, levando à perda de cabelo perceptível 2–4 meses depois. Esses fatores incluem anormalidades endócrinas, doenças sistêmicas, medicamentos, dietas, traumas, infecções, autoimunidade, predisposição genética, anormalidades psicológicas e defeitos estruturais do cabelo.

Pela multiplicidade de distúrbios que podem resultar na perda de cabelos, a história é crítica no desenvolvimento de um diagnóstico diferencial inicial:

  • Duração e padrão da perda de cabelo são importantes para determinar a causa (ou seja, difusa versus focal).
  • Uma lista completa de medicamentos atuais e passados deve ser obtida porque muitos medicamentos podem induzir perda de cabelo.
  • História familiar de alopecia areata ou alopecia androgenética (AGA) pode apontar para uma predisposição genética do indivíduo. Além disso, acne coincidente e ciclos menstruais anormais podem indicar um excesso de androgênio causando AGA.
  • Questionamentos de triagem para a tireóide podem apontar para o hipotireoidismo e uma dieta vegetariana rigorosa pode implicar em anemia por deficiência de vitamina B12/ ferro.
  • Algumas práticas de cuidados com os cabelos (ex: clareamento, penteado para trás, ondulação permanente, alongamentos) levam à quebra do fio de cabelo.
  • É importante estabelecer se os cabelos caem da raiz ou rompem-se ao longo do próprio eixo, porque existem causas completamente diferentes para cada um destes problemas.
  • Também é importante perguntar sobre a perda de pelos axilares, pubianos, cílios, sobrancelhas e do corpo, porque qualquer área com cabelo pode ser afetada por alopecias inflamatórias ou tricotilomania.

O exame clínico deve ser realizado através da Tricoscopia (dermatoscopia do couro cabeludo). Esta representa uma valiosa técnica não invasiva que permite a visualização ampliada do cabelo e couro cabeludo. Pode ser realizada com um dermoscópio manual (ampliação de 10x) ou um videodermoscópio (ampliação de até 1.000x). Em particular, a tricoscopia melhora o diagnóstico da alopecia androgenética, alopecia areata, eflúvio telógeno, tricotilomania, alopecia triangular congênita, alopecias cicatriciais (pela observação da ausência de aberturas foliculares), tinea capitis e distúrbios do eixo do cabelo. Este método reduz a necessidade de biópsia do couro cabeludo e, quando necessária, guia a melhor área para sua realização. A tricoscopia é bem aceita pelos pacientes e é útil para monitorar o tratamento e acompanhamento.

Referências:

  • The diagnosis and treatment of hair and scalp diseases – Dtsch Arztebl Int 2016;113: 377–86.
  • Scalp dermoscopy or trichoscopy – Curr Probl Dermatol. Basel, Karger, 2015, vol 47, pp 21–32.
  • Pratical management of hair loss – Can Fam Physician 2000;46:1469-1477.